domingo, 11 de outubro de 2009

Outra do velho Noel.


Em um dos cantos mais pobres do mundo ele cruza o céu como se fosse uma estrela cadente e passa olhando de esgueiro, confortando diz para si em pensamentos:
- "Estas crianças roubam, usam droga, fazem sexo muito cedo, não merecem ganhar presentes".
Porém, antes de cruzar as fronteiras daquela terra quente ele sente a presença de uma alma imaculada, tão pura quanto de um santo, mesmo a contra gosto ele se sente no dever de sondar aquela garota e lhe dar algo de presente.
É uma casa muito humilde de madeira e papelão, há outras tantas casas como aquela enfileirada, algumas em cima das outras como se lutasse pelo espaço disponível para continuar a se expandir. Ele pára o trenó avermelhado em cima de um dos barracos, ninguém o percebe, ninguém o vê.
Não há nenhuma chaminé, nem janela decente para adentrar no recinto, ele se direciona para um buraco maior tampado com uma lona que ele julga ser a porta. Somente há uma divisão feita de um prensado cor-de-rosa de madeira, cachorros dormindo pelo chão e logo a sua frente o motivo da visita. Em cima de um colchão dormiam duas pessoas, uma mulher e uma criança.
Se aproximou, sentiu os pensamentos da mulher fluírem preocupação, a criança estava muito doente, já a criança pensava que deixaria sua avó sozinha. Criança esperta pensou Noel enquanto enfiava a mão dentro de sua sacola mágica e conjurava algum presente para a menina, tirou uma boneca de pano e quando estava colocando ao lado da criança essa o questionou:
- Me cure, me dê saúde. - Pediu.
- Papai Noel só dá presentes materiais pequena e você o terá, pois é uma boa criança.
- Mas de que vale um brinquedo se estou morrendo!
Papai Noel se afastou, olhou por uma última vez aquela família, flutuando foi até o seu trenó e com um simples gesto as renas já corriam em direção ao céu. Pensou consigo:
- Pelo menos ela conservará o brinquedo até o fim da vida.


obs: Crônica que surgiu de uma brincadeira de humor negro!